Se é bom demais para ser verdade, normalmente não é.
A alteração da quilometragem exibida no painel de instrumentos de um veículo é uma tarefa surpreendentemente simples, ao alcance até mesmo de vendedores desonestos. É um dos maiores problemas ao comprar qualquer carro usado, que atinge de forma muito intensa Land Rovers.
Vale lembrar que o artigo 66 da lei nº 8078/1990 prevê que adulterar a quilometragem de um automóvel é crime de estelionato (artigo 171 do Código Penal) e, portanto, o autor está sujeito às punições previstas pela legislação vigente.
Mas como identificar?
Nem sempre é uma tarefa simples, mas existem alguns pontos que podem ajudar:
USANDO UM SCANNER
Claro que levar o carro para uma oficina séria, com equipamentos próprios, nem sempre é uma opção. Mas um simples scanner doméstico (como o vendido aqui no site) e um celular já pode dar fortes pistas de adulteração.
A KM do carro é registrada em vários módulos, pelo menos 5, e a adulteração normalmente só afeta o painel.
Com um scanner doméstico é possível ler os KM registrados no painel e no módulo Terrain Response. Veja abaixo a tela do App do Scanner, mostrando uma enorme diferença entre esses números: (pequenas diferenças de até 5% são aceitáveis):
Este foi o modelo de scanner usado, 100% compatível com Land Rovers:
Mas atenção: Essa diferença, por si só, pode não ser por adulteração. Caso o carro tenha trocado o módulo Terrain Response por outro usado, a KM será o carro doador. Por isso é bom ter um histórico do carro.
2. DADOS DE SEGURADORAS, DETRAN E CONCESSIONÁRIAS
Seguradoras costumam ter arquivado o histórico do veículo, incluindo o quanto ele marcava de quilometragem no momento das vistorias. Vale a pena pagar uma pequena taxa para verificar se, por exemplo, o carro que você está pesquisando apresenta menos km no hodômetro do que na última revisão
Para quem não quer ir atrás do histórico em seguradoras, uma alternativa é ver o manual do veículo e as anotações sobre revisões anteriores. VERIFIQUE O MANUAL, ele deve ter as datas e carimbos de revisões, e nenhuma página arrancada.
Existem ainda empresas especializadas em levantar o histórico do veículo, como ESTA (não estamos recebendo para divulgar, é apenas uma sugestão, busque outras se quiser pelo Google).
3. ESTADO GERAL DO CARRO
Esse é um ponto mais subjetivo, porém pode indicar a idade e cuidado do dono.
Pneus: Veja o estado geral, se são todos da mesma marca, especificações e modelo. Para carros com até 5 anos de uso, os pneus podem ser originais ainda. Olhe o estepe também, é possível saber a data de fabricação: Data de fabricação do pneu é um código
E onde fica a data de fabricação? Carimbada na parte externa do pneu, próximo ao DOT. Os últimos 4 algarismos indicam a semana e o ano em que o pneu foi produzido. Exemplo: se os últimos números são 3422 significa que a fabricação foi na 34ª semana de 2022.
Logo, se você está comprando um carro que diz ter 2020 com 30.000Km e está com pneus diferentes do estepe (do ano de 2022, por exemplo) , é um sinal bem estranho.
Além dos pneus, outros indicadores de desgaste visível são: volante, pedais e estofamento do veículo. Geralmente, esses elementos não exibem sinais consideráveis de desgaste nos primeiros 60 mil km. Sinais definitivos surgem quando os pedais do acelerador, freio ou embreagem apresentam desgaste excessivo, até com partes metálicas à mostra. Examine o estado das luzes, faróis e lanternas, bem como a aparência do capô e do para-brisa, à procura de arranhões e lascas. Pintura desgastada e elementos danificados denotam um veículo com uma quilometragem considerável, provavelmente superior a 100 mil km.
COMO TER CERTEZA?
Se os sinais acima apontaram uma adulteração, mas você quer ter certeza, leve o carro a uma concessionária para inspeção, ou pague uma inspeção veicular especializada (bastante recomendável). Eles podem ler a Km em todos os módulos do veículo, dando mais clareza sobre uma possível adulteração.
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